"Ler um livro é como se apaixonar: você entrega seu coração. Às vezes você é correspondido, outras vezes não" - Hi_LC




Paixão do dia: Dom Casmurro - Machado de Assis


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O mérito dos finais trágicos

Olá, pessoal! Não consigo dizer o quanto eu estou triste por ser tão negligente com o meu blog. A Boa Literatura andou às moscas no último mês. Isso é um vergonha. Vou tentar me dedicar mais a essa atividade de que eu gosto tanto.

***

Recentemente - na verdade, antes de ontem - eu tive uma aula de literatura muito boa. Ok, 99,99% das minhas aulas de literatura são maravilhosas, mas essa última foi especial. Foi uma daquelas aulas magníficas em que o professor fala uma coisa da qual você não concorda e você não consegue parar de pensar naquilo.
Pois é. Minha professora, com todo o carinho que eu tenho por ela, falou algo até legal e que fazia sentido. Mas eu, como uma leitora ativa, devo contestar. Desculpa se vocês não concordarem, mas a questão vai um pouco mais além. Sem mistério, ela disse que os finais felizes são os mais queridos pelo público e que os finais trágicos, geralmente, costumam ser mais bem trabalhados. Ela disse ainda que os finais felizes são rapidamente esquecidos, enquanto os trágicos, por não nos agradarem, ficam mais na nossa cabeça.  
Bom, se me é permitido questionar minha professora de Literatura, que leu infinitamente mais livros do que eu (inclusive livros que eu nem pensaria em ler) e é formada no assunto, eu o farei.
Na minha simples concepção, um livro pode ter três tipos de desenrolar:

1) Simples: O livro não apresenta muitos conflitos, não há grandes problemas e, consequentemente, o final é bem previsível. É o tipo mais fácil de fazer, porque não requer muita criatividade, algo muito além do  comum e o final é feliz. É o caso de muitos livros que temos na livraria. Não me entendam mal; este tipo não é ruim. Na verdade, algum dos livros melhores livros que eu já li são assim. Como exemplo, O Diário da Princesa.

2) Complexo trágico: O livro é cheio de problemas e acaba com alguém morrendo. Raramente (raramente mesmo) eu me deparo com esse tipo de final bem feito. A construção da história  deve ser tal que não haja opção para outro final, a não ser a morte (ou final trágico do gênero). O leitor não pode terminar a história pensando: "Porque ele morreu? Eles não podiam ter feito isso? Ah, não gostei". E esse trabalho com o livro é bem mais difícil. Como exemplo, eu posso citar "Jogo-da-Velha" (há controvérsias). Nesse caso sim, professora, quando o livro é bem trabalhado, o final trágico fica maravilhoso. Eu mesma, quando leio livros assim, me pego pensando no livro. Ele verdadeiramente não sai da nossa cabeça. E a crítica é feita.
            *Agora, com mais frequência, eu vejo livros que tentam dar um final trágico... e saem ruins. É aquele final em que os mocinhos ficam longe (ou mortos) sem nenhuma razão ou importância no livro. Detesto livros assim. É do tipo de livro que eu guardo logo na minha estante e me pergunto porque eu fui ler aquilo. Nesse caso, professora, o livro não fica na minha cabeça de jeito nenhum.

3) Complexo mais do que feliz: é o melhor de todos. Assim como o complexo trágico, esse tipo tem uma história muito problemática. O leitor deve sofrer no meio da história e ele deve chorar: "Ai, meu Deus! Não há solução para isso. Como é que ele/ela vai fazer agora?". A construção deve ser feita de modo que o leitor tenha a certeza que os mocinhos vão ficar longe. A história é quase sem solução. Mas, no final, surpresa: eles ficam juntos! Aí sim, professora, essa história não sai da minha cabeça. Eu posso citar como exemplo a Mediadora. Nem sei explicar como sofri com a história de Jesse e Suzannah, um fantasma e uma mediadora, que tiveram a infelicidade de se apaixonarem. E na penúltima cena, nossa!, eu sofri muito. Foi um clímax... Foi incrível.

Eu, particularmente, não gosto de histórias com o final trágico. Quer dizer, por que eu ia querer uma história longa, pode ser até bem trabalhada, que diga que a vida é uma merda e eu nunca vou poder ter o cara de quem eu gosto? Sinceramente, eu gosto de livros que me dêem esperança e me façam lutar. Gosto de livros bravos e românticos, com cenas melosas e finais felizes. Sou completamente parcial nesse aspecto.  :)

O que eu tenho notado é que uma grande parte dos livros que fizeram sucesso recentemente tendem para o lado triste. Pegando no passado não muito distante,consigo citar: O caçador de pipas, A cidade do Sol (eu não acho o final desse livro tão triste), A menina que roubava livros, A Última Música e Querido John. Sei que no Romantismo as histórias tendiam ao final perfeito, mas hoje as pessoas estão preferindo livros tristes, melosos, que mostram as pessoas sofrendo e que, muitas vezes, acabam tragicamente. Isso é uma pena e faz ter cuidado com o que eu compro.  
        * Se você gostar dos livros do Nicholas Sparks não leia isso: os dois últimos livros se encaixam nos finais trágicos mal-feitos de que eu falei.

É só isso que eu queria comentar, professora. Agora que eu terminei a postagem, eu reconheço que o fato de o final ser trágico leva a uma grande crítica. Jogo-da-Velha não é assim? Porém, nem todos os livros querem fazer uma crítica. Só fazer algo que agrada ao público. E alguns fazem isso muito mal.

Hi_LC

Ps.: Professora, te adoro. Você é a melhor professora de Literatura com que eu já tive o prazer de ter aula. Me alegra muito saber que ainda existem professores bons na minha escola. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário