"Ler um livro é como se apaixonar: você entrega seu coração. Às vezes você é correspondido, outras vezes não" - Hi_LC




Paixão do dia: Dom Casmurro - Machado de Assis


domingo, 22 de maio de 2011

Brasil e seus leitores

Primeiramente, com relação à última postagem deixada na nossa querida A Boa Literatura: Eu pretendo fazer uma postagem sobre Instrumentos Mortais (e já respondendo, a minha opinião é a melhor possível sobre essa série), mas eu primeiro quero acabar de ler o segundo livro - Cidade das Cinzas -  para ter algo mais para contar.

***

Ok, eu vou basear a minha postagem de hoje em um vídeo que eu peguei no site do UOL. Mesmo que o vídeo acabe de maneira abrupta, eu acho que tem algumas coisas nele boas de serem trabalhadas.

Existem muitos comentários que eu gostaria de fazer sobre esse vídeo. Vou tentar fazer por ordem de aparecimento:

Comentário nº 1: Sobre os livros mostrados

Olha como são os livros que aparecem no vídeo. Muitos estão surrados, com a capa rasgada e provavelmente devem cheirar a morfo. E eu não vi nenhum dos livros famosos que a gente vê hoje em dia, ou seja, provavelmente os livros já estão entrando na meia-idade.
Eu não sei se isso foi proposital - os editores da reportagem quiseram fazer uma crítica sobre a nossa visão de livro - ou se eles foram infelizes. Embora a minha opinião sobre os livros em questão seja muito ruim, devo admitir que essa é meio a visão que o pessoal ODL (out das livrarias) tem dos livros. Mas eu não que a reportagem vai conseguir melhorar a leitura brasileira mostrando livros velhos.

Comentário nº 2: Sobre as estatísticas

Sem brincadeira, pessoal. 4 LIVROS POR ANO?! Quase ri quando eu li essa estatística. Eu não sei se eu ri mais dessa ou a dos países desenvolvidos. Vamos combinar que 10 livros por ano é uma quantidade miserável. Desculpe se pareço presunçosa, mas puxa. O ano tem 12 meses. Se você ler um livro por mês (o que dá 4 suficientes semanas. E eu não estou falando de livros de 500 páginas), serão 12 livros por ano! O povo (e eu me refiro ao mundo inteiro - com exceções, óbvio) é incapaz de fazer essa simples tarefa.
Acho que falta um pouquinho de determinação no pessoal. Quando a gente começa um livro, é para acabá-lo! Um livro por mês não é nada impossível.
Como meu professor de Redação sempre diz: "Leia meia hora por dia. Sábado e domingo também são dias."

Comentário nº 3: Os motivos para o baixo número de leitores - Alto custo do livro

Eu não sei nem por onde começar. "Alto custo do livro"?! Vamos vender livros a 5 reais. Agora alguém vai querer comprar?
A questão não é o alto preço dos livros (que não são tão altos assim). A questão é que não há o interesse de comprar os livros e usa-se a desculpa "Ah, os livros são muito caros". Dinheiro para roupas, viagens e festas há. Não quero parecer preconceituosa ao desmerecer essas coisas, mas é o que eu realmente sinto. Se sua prioridade não é comprar livros, tudo bem, eu entendo. Mas, por favor, não fique culpando o pobre dos livros. Eles não tem culpa de você não querer lê-los.
Além disso, vamos combinar que os livros nem estão tão caros assim. Ok, tirando os livros da Intríseca e da Record, que tem um preço um tico mais salgado, há livros que você compra por 20 reais. Em promoções da Saraiva, eu consigo comprar alguns livros por 15 reias. É suficientemente barato?
Leonardo Cunha escreveu uma crônica muito boa sobre isso. Ele se baseou numa palestra de Pedro Bandeira (como eu amo o Pedro Bandeira) sobre esse assunto. É muito interessante. A crônica está no livro "Manual de Desculpas Esfarrapadas". Divertidíssimo.

Comentário nº 4: Os motivos para o baixo número de leitores - Falta de incentivo a leitura

Com essa parte eu concordo. Há algum tempo eu venho trocando e-mails com uma colega e um dos assuntos sobre o qual a gente falou foi incentivo a leitura por parte dos professores. Vou copiar trecho dos e-mails para exemplificar minha opinião:




"Eu acho que esse é o problema do povo brasileiro. Um dia, meu professor de português disse que a gente não deveria ler Crepúsculo e sim livros que nos fizessem pensar, como Machado ou Clarisse Lispector. Agora você pensa: metade do pessoal que nunca lia estava lendo Crepúsculo! Como ele pode falar que um livro desses não presta? O livro fez história! E não foi a primeira vez que eu ouço isso. Acho que os professores deveriam ser mais cuidadosos. Eu tenho uma professora de Literatura muito boa. Na primeira aula dela, ela disse: "Gosto muito de Machado de Assis [e começou a falar um monte de coisas boas sobre ele]. Mas o importante é que você leiam algo que vocês se identifiquem" Acho que é assim que deve ser a abordagem." - Hi_LC
"Concordo com você, eu acho que acima de tudo, o importante é ler, até porque é melhor ler alguma coisa (mesmo que seja um romance "água com açúcar") do que não ler nada. É claro que é importante diversificar a leitura, até pra aumentar o conhecimento, mas daí a falar que você deveria estar lendo isso e não aquilo, é demais! Acontecia coisa semelhante com os livros de Harry Potter a um tempo atrás. Muita gente que não lia nada, começou a ler por causa de Harry Potter e muitos professores reclamavam, quando eles deveriam estar agradecendo, afinal, eles estavam começando a entrar no mundo da leitura, quem sabe o que poderia acontecer depois?" - JdS (nome abreviado)
"Quanto a José de Alencar, entendo perfeitamente o que você quer dizer, mas os brasileiros não leem mais não por terem lido livros clássicos (que são aparentemente mais complexos) e sim por terem lido esses livros na hora errada. Eu costumo dizer que pra você apreciar a leitura de um livro e compreendê-lo, você tem que ler esse livro no momento correto. Então, se você coloca um adolescente de 12 anos pra ler O Guarani, ele, provavelmente, vai achar um saco, vai pensar que todos os livros são chatos e vai parar de ler. Mas um livro como O Guarani não deve ser lido por uma pessoa de 12 anos, simplesmente porque ela não vai ter condição de entender a mensagem, não vai ter a maturidade suficiente pra compreender um livro que foi escrito no século passado, em outra realidade e aí, consequentemente, ela não vai gostar. Foi nisso que as pessoas erraram. Os professores colocavam crianças para ler Machado de Assis ou José de Alencar! É óbvio que elas iriam odiar!" - JdS
É essa a idéia. Acho desnecessário qualquer comentário além dessas citações. Mas eu tenho que fazer um apelo aos professores, principalmente os de português: Por favor, nunca desmotivem seus alunos. Pode ser que vocês não concordem com o que ele está lendo, mas nunca falem que tal livro não presta. Se vocês quiserem que eles leiam Machado de Assis, mostre como este pode ser bom. E não como outros livros podem ser ruins.

Meu sonho é ver o Brasil competitivo no mercado literário internacional. Para isso, os escritores brasileiros (principalmente os atuais) deveriam ser mais valorizados. Alguém aqui já ouviu falar de Paula Pimenta e Vivianne Fair? São excelentes escritoras. Melhores do que muitos estrangeiros por aí. Vamos valorizar o que é nosso, pessoal.

Hi_LC

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Morada da Noite - P.C. Cast & Kristen Cast

Eu já andei falando sobre Morada da Noite naquela minha postagem sobre os livros que vieram depois de Crepúsculo, não?
Pois é, mas eu sinceramente acho que Morada da Noite merece muito mais do que três linhas em um comentário superficial.

Como eu disse sobre Morada da Noite na minha postagem "As Heranças de Crepúsculo - Parte II - Os Vampiros que vieram depois":

Devo confessar que os editores cometeram uma falta no primeiro livro. A contra-capa é uma versão rosa-shoking da contra-capa de Crepúsculo e isso gera uma comparação desnecessária. Os editores logo corrigiram o erro e a contra-capa do segundo livro foi diferente.

Essa comparação direta com Crepúsculo (a que eu me referi logo acima) gerou uma relação muito grande com esta grande saga, o que tem seus lados positivos e negativos. O lado negativo é que muitas pessoas (estúpidas, devo dizer) acharam que Morada da Noite era cópia de Crepúsculo. Não é verdade.
As autoras: P.C. Cast e sua filha Kristen

Primeiramente, o foco de Crepúsculo é o amor entre Edward (um vampiro) e Bella (uma humana). Não tem nada disso em Morada da Noite. Na verdade, você até pode pensar em uma relação entre Zoey e Heath, ou mesmo pensando na Zoey e seus três namorados... mas não é nada muito forte. O foco de Morada da Noite é a amizade entre Zoey, Damen, Stevie Rae, Erin e Shaunee. Você nota um vínculo muito forte, do tipo Amigos-para-todas-as-horas. É muito bonito de se ler.

Além disso, os vampiros de Crepúsculo e de Morada da Noite têm jeitos diferentes de serem transformados em vampiros. Enquanto naquele o jeito é mais clássico - por meio de mordidas sem sugar o sangue inteiro -, neste a transformação acontece por meio de mutações genéticas durante a adolescência. Aí o novato ganha um marca incompleta de safira.

Outra coisa legal em Morada da Noite é o rumo que a história toma. Quer dizer, no primeiro livro - Marcada -, a Zoey chega na escola nova e encontra aqueles personagens clássicos: a novata malvada que fica aprontando para cima dela, o novato gostosão que se encanta por ela, a veterana boazinha que é como uma guia... Tudo muito comum. Mas, com o decorrer da série, esses "mitos" vão sendo quebrados um a um. É muito interessante comparar o primeiro livro da série com o sétimo. As histórias são muito diferentes. É quase inacreditável ver como as coisas começaram e como elas estão.


Os oito livros. Já há edições em português do sétimo livro, Queimada

No sexto livro a história dá uma guinada muito boa. A partir desse livro há mais preocupação com romances e amores impossíveis. O foco narrativo sai um pouco da Zoey e vai para a Neferet, a Aphrodite, Kalona e, principalmente, a Stevie Rae.

Bem, toda essa postagem foi para dizer que eu ESTOU LOUCA PARA LANÇAR O OITAVO LIVRO!!!
*esperando desesperadamente por Despertada*

Merry meet...

sábado, 14 de maio de 2011

O que faz um livro bom?

Pessoal, ontem eu assisti a Penélope!!!! Eu finalmente consegui comprar o filme (Lojas Americanas - 15 reais)!!!!!! Foi muito bom, sério. A lógica do livro (e a do filme também) é muito bem construída. E sem falar que ele passa no meu teste FOFIS de qualidade. Eu totalmente recomendo.
Mas uma coisa ainda me intriga... A Reese Witherspoon tem uma partipação quase nula no filme, mas é a que ganha mais créditos no filme. Experimenta jogar Penélope no Google Imagens. Se bem que só vai aparecer a imagem da Penélope Cruz.

***

Sabe quando você está apaixonado(a) e alguém te pergunta: "Por que você gosta dele(a)?"? Aí provavelmente você diz: "Ah, é porque ele é lindo, inteligente, simpático...". Você começa a dizer uma série de características que às vezes são apenas um exagero. Mas parece que nenhuma das coisas que você diz faz realmente jus ao amado, não é mesmo?

Com livros funciona do mesmo jeito. A gente não gosta de um livro de maneira racional. Nós gostamos porque alguma coisa que aquele livro trouxe mexeu profundamente com a nossa alma. É uma identificação subliminar e, quando menos você espera, você se vê apaixonado por um livro.

"Ler um livro é como se apaixonar", disse uma vez uma pessoa inteligente (eu!). Você gasta seu tempo, seu coração, sua paciência com um livro. E, às vezes, o livro não se apaixona por você. Quando eu leio um livro "ruim", eu entro meio em desespero, porque eu fico sem perspectiva de acabar o livro. Mas quando eu leio um livro e sou correspondida... Nossa! É a melhor coisa do mundo. É realmente como se apaixonar. O belo sabor da primeira paixão...

Os livros que te correspondem mudam sua vida. Se você é uma pessa que lê com certa frequência, você já sentiu a sensação de ler um livro que mudou sua vida. Ou se não sentiu, com certeza vai sentir.

E quanto a mim... Acho que eu já me apaixonei bem umas cem vezes. Tudo bem. Poligamia de livros pode!

Hi_LC

terça-feira, 3 de maio de 2011

O clichê nosso de cada dia nos dai hoje...

Hoje eu tive uma aula (muito boa por sinal) sobre "senso comum < informatividade" e, por alguma razão, eu me lembrei dos nossos tão amados clichês.

Por definição, um clichê é um esterótipo (também pode ser uma "Placa fotomecanicamente gravada em relevo sobre metal, usualmente zinco, a traço ou a meio-tom, para impressão de imagens e textos por meio de prensa tipográfica" - Aurélio -, mas falando em literatura...). Hoje em dia, diz-se clichê aquilo que já foi muito usado, e o  termo é usado com um tom pejorativo.

Mas, quando algo deve ser realmente considerado clichê? Por exemplo, uma mulher segurando um bando de livros vai  andando na rua e esbarra em um homem. Preciso terminar de contar? Eles se abaixam ao mesmo tempo para pegar os livros, os olhos se encontram e... os dois se apaixonam perdidamente? Isso já foi usado diversas vezes. É clichê?

Um personagem, durante a história, pensou sempre a mesma coisa. No entanto, no último momento do livro, ele muda de pensamento, geralmente optando por fazer a coisa certa. Isso aconteceu mais vezes do que o exemplo descrito acima. Clichê?

O mocinho conhece a mocinha e eles se apaixonam. É clichê? A história terminar com final feliz. É clichê?

Os exemplos acima acontecem com frequência, mas nem todos são considerados inaceitáveis. O que estou querendo dizer é que, muitas vezes, nós descartamos o clichê como se fosse algo horrível, mas é algo comum.

É claro que ficar usando frases muito utilizadas provoca certa aversão nos leitores, mas as frases ganham um tom especial quando o autor sabe usar seu próprio estilo. Até mesmo uma situação muito usada (como o exemplo do olhar que se encontra) pode ganhar um tom novo e irônico. Ao invés de criar aversão, cria admiração. As pessoas reclamam dos clichês, mas imagine um livro sem eles? Puxa.

Um dia experimente jogar "Clichê" no Yahoo! Respostas. Vocês vão ver do que eu estou falando.

Vale lembrar que situações não são muito utilizadas à toa. Se elas são populares é porque caíram no gosto popular. Se você é um tipo de escritor que odeia coisas muito passadas, tome cuidado ao colocar coisas novas: você pode criar algo não muito agradável para o leitor. É uma faca de dois gumes.

Na verdade, usando a minha modestíssima opinião no assunto, quando um autor tenta sair daquilo que é comum, geralmente ele comete uma grande besteira. Ele tenta fugir do óbvio e acaba com a história. O fato é que você, geralmente, começa uma história sabendo como ela vai terminar. A diferença entre um livro bom e um ruim não é o final, e sim o que o autor vai fazer no meio. E isso é o emocionante.

Hi_LC